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SERTÃO DO MOXOTÓ

ARCOVERDE – ASSENTAMENTO PEDRA VERMELHA 

 

1 - Casa 15

 

" No assentamento tem uma casa 15, antigamente, diziam que ninguém podia passar lá em frente depois das sete horas da noite.  Lá tinha um bicho que corria atrás da pessoa até a Barragem do Retiro. 

 

Um dia alguns homens se juntaram e resolveram ir lá para ver que bicho era esse que tinha lá. Pegaram seus facões, foices, estavam morrendo de medo, mas foram, chegando próximo gritaram: 

 

- Cadê o bicho que dizem que mora aqui?

 

Quando olharam para a porta, saiu um gato preto grandão lá de dentro, eles caíram pra trás. Largaram tudo e dizem que até hoje não mora ninguém nessa casa.”

 

2 - Garimpo

 

" Mais pra cima da casa 15 tem um garimpo, íamos buscar água lá. 

 

Umas 17h30 da tarde fomos buscar água, eu e minha mãe. Quando eu olhei para trás, eu vi um mato se mexendo e depois passou um vulto. Mainha começou a se benzer.

 

 Quando a gente veio para a frente surgiu um cachorro preto dos matos bem grande na nossa frente. Ele era grande e da cor preta, os olhos deles eram vermelhos. Dizem que esse garimpo é muito mal-assombrado porque morreu muita gente lá.”

 

3 - O Açude

 

“Dizem que na barragem do assentamento, sempre que se afoga alguém, quando os bombeiros vão fazer o resgate, as pessoas aparecem sempre com uma marca no pescoço.  Acreditam que existe algum ser na água, que não sabem realmente o que é, mas que quando puxa a pessoa pra baixo ela não engole água, só fica com uma mancha escura no pescoço e acaba morrendo por esse motivo, mas não por afogamento. Eles aconselham que não tomem banho lá.”

 

4 - Mergulhos

 

“Teve uma vez que passamos por uma seca e o pessoal ia buscar o resto de água para trazer no balde. Uma dessas vezes eu fui com meu esposo na carroça de burro pegar água, antes da gente chegar escutamos uns mergulhos. Pensamos que tinha alguém tomando banho dentro, era umas 18h30. Quando chegamos lá, olhamos de canto a canto e não tinha ninguém!”

 

 

5 – Relato sobre a Barragem 

 

"Essa barragem gosta de gente, viu? Feliz é aquele que entra dela e sai com vida. Já morreram umas 7 pessoas nela. Vai e não volta.”


6 - A Cobra da Barragem 

 

"Todo mundo fala que dentro da barragem tem alguma cobra que puxa as pessoas para dentro. Recentemente morreu um, ele ficou sequinho, sequinho, não encheu d’água, porque quando morre afogado, enche d’água, né? Minha amiga tava lá com ele e viu que ele desceu de vez, daí ele subiu e desceu de novo, como se fosse puxado, ele não subia pra pedir ajuda, ela até tentou ajudar mas quase morre também. Quando acharam ele, depois, ele tava seco, não tinha água dentro do corpo.”

 

7 - A Burra 

 

“Uma vez meu marido comprou uma burra e colocou o nome dela de Luana. Quando foi 5h30 fui dar água a Luana nessa barragem, ela tava bebendo água e vi só a cabeça de um bicho preto.  Fiquei com tanto medo que não deixei nem ela beber água direito.”

 

 

ARCOVERDE - POVOADOS

 

8 - O Macaco e a Cutia

  

" Era uma vez o Macaco e a Cutia. Os dois sempre ficavam na beira da estrada conversando. Então a Cutia dizia:

 

- Compadre Macaco, tira o rabo do meio que o carro vem cantando. O Macaco respondia:

 

- Comadre Cutia, quem se preocupa com o rabo dos outros se esquece do seu!

 

Repetiam esse diálogo várias vezes e o carro se aproximava cada vez mais e a Cutia não havia percebido que também o seu rabo estava no meio da estrada. Quando o carro se aproximou, o macaco desviou somente um pouco o seu rabo, porém a Cutia não percebeu e o carro passou por cima do seu rabo e acabou sendo cortado. Ela saiu gritando e pulando de muita dor, enquanto o macaco dizia:

 

- Tá vendo, Comadre, eu num lhe disse para não se preocupar com os rabos dos outros!”

 

9 - Boi Coruja

 

“Naquele tempo existiam os homens do campo, que gostavam de andar no meio do mato, olhando o gado.  Um dia um homem encontrou um novilho desconhecido naquelas terras, e resolveram levar pra fazenda pra ver se ele tinha a marca nas ferragens pra saber de onde vinha, mas não encontraram nada marcado. Então resolveram ficar com o boi até aparecer o seu dono. Muito tempo passou e ninguém apareceu atrás do boi, então o dono da fazenda falou: 

 

- Já que esse boi não tem dono, ele vai ser de Santo Antônio, padroeiro do povoado de Ipojuca.

 

Na primeira vez que levaram o boi pra rua, ele correu diretamente para a porta da igreja. Um dia ele entrou dentro da igreja, chegou próximo ao altar e saiu bem devagarinho. Todo ano em Junho tinha a festa de Santo Antônio, era tradição ter a pega de boi, onde os vaqueiros entravam dentro do mato pra pegar o boi, às vezes eles não conseguia. Mas quando conseguiam, eles traziam o boi pra o povoado e ele sempre ia em direção a igreja e ficava parado na frente. Quando soltavam, ele voltava pra dentro dos matos. E assim ele ficou conhecido como o Boi de Santo Antônio.”

 

 

10- Camões - O Inteligente:

 

“Havia um rapaz, chamado Camões, muito inteligente, mais tão inteligente que sabia 

responder todas as perguntas e despertava a raiva das outras pessoas. Então, o rei resolveu chamá-lo e disse: 

 

- Lhe farei três perguntas, caso ele não saiba responder mandarei executa-ló!

 

E Camões aceitou o desafio.

Então rei mandou preparar um lugar e determinou a hora e o dia do desafio. Chegando o grande dia, essa foi a primeira pergunta:

 

- Onde é o meio do mundo?

 

E o rapaz pensou, pensou e depois disse:

- O meio do mundo é aqui - e marcou o local com um pedaço de madeira. O rei então disse:

 

- Não é! Como é que você sabe?

 

Então o rapaz respondeu:

- Vá medir então para ver se não é

 

O rei então sem ter como ter de onde seria o meio do mundo, teve que aceitar a 

primeira resposta. O rei então preparou o segundo desafio, colocou dentro de um caixão um rabo de porco e pediu-lhe que adivinhasse o que havia ali dentro. Depois de muito pensar e pensar, começou a ser pressionado pelo rei até que disse:

 

- É aí que a porca torce o rabo!

 

Então as pessoas o aplaudiram, pois de fato havia um rabo de porco ali dentro. O último desafio ficou somente para o outro dia, o rei pediu que foi fosse para casa descansar e disse: 

 

- Seu último desafio será adivinhar o que estou pensando

 

O rapaz foi pra casa muito triste até que no meio do caminho encontrou um amigo e perguntou que lhe perguntou:

 

- Camões, por que você está tão triste?

 

- Acho que vou morrer, pois o rei me ordenou que até amanhã eu adivinhe o que ele está pensando e eu não sei o que irei responder. Mas você pode me ajudar! Você pode ir nomeu lugar.

 

O amigo, com muito medo, não queria aceitar, mas ele continuou insistindo e conseguiu. Lhe emprestou algumas de suas roupas e chapéu e você manterá sempre a cabeça baixa. Chegado na hora do desafio, o rei disse: 

 

- Vamos! Diga agora o que está pensando, pois se não responder, você morre!

 

E ele pensando... Até que respondeu:

 

- O que o senhor está pensando é que sou Camões, desde o início, mas eu não sou!

 

Levantou a cabeça e todos aplaudiram, pois acabara de ganhar o desafio do tão temido rei.”