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SERTÃO CENTRAL

SÃO JOSÉ DO BELMONTE – PEDRA DO REINO 

 

1 - A Pedra do Reino

 

“Em 1800, onde é chamado hoje em dia a Pedra do Reino, chamava-se Pedra Bonita. 

 

O movimento sebastianista durou em Belmonte dois anos em 1836 e 1838, esse movimento é a crença que as pessoas tinham no retorno de Dom Sebastião.

 

João Antônio foi o primeiro que se denominou rei e com um folheto começou a pregar sobre Dom Sebastião. Naquele tempo, quem comandava eram os coronéis. Existia muita escravidão, muito sofrimento, as pessoas então começaram a acreditar em João Antônio.

 

 Ele dizia que tinha encontrado pedras de brilhantes num lago encantado e que as pessoas iriam ficar ricas e iriam ser salvas com o retorno de Dom Sebastião, até que a igreja veio e obrigou ele parar de falar aquelas coisas, que eram inverdades. Ele já estava muito bem de vida, tinha riquezas, muitos bens, resolveu deixar pra lá.

 

Porém, seu cunhado João Ferreira, viu que ele estava muito rico e quis também, Começou a falar pras pessoas que Dom Sebastião lhe dizia coisas em sonhos. Começou a fazer rituais à noite, bebia muito e pregava.

 

 Então começou a dizer que Dom Sebastião pediu em seus sonhos que as pedras precisavam ser lavadas com sangue de pessoas inocentes para que ele pudesse desencantar, até cachorros que para ele era sagrado, com isso começou a acontecer muitas mortes, avós que sacrificavam os netos, pais que sacrificam os filhos. Até que as pessoas começaram a se questionar, porque acontecia todas essas coisas e ele não retornava.

 

João Ferreira era casado com muitas mulheres, então ele resolveu "oferecer" uma de suas mulheres que estava grávida como sacrifício, pediu que cortassem a barriga dela com uma faca para que as pessoas não desacreditassem do que ele pregava.

 

Um dia um vaqueiro José Gomes sem entender o que estava acontecendo com seus familiares que estavam sumindo, foi até o Arraial da Pedra Bonita.  Ele não bebia e ficou só observando, ele correu para contar para seu patrão tudo que tinha visto.  Horrorizado com toda aquela situação, informaram aos policiais que fizeram uma carta para o governador, e então reuniram a força policial e foram até o local.
 

No caminho encontraram Pedro Antônio, que era irmão da mulher grávida que João Ferreira sacrificou, vendo que ele estava matando todo mundo foi então que ele chegou para as pessoas e resolveu dizer que teve um sonho e que Dom Sebastião disse que para ele desencantar de vez o rei precisava ser morto. 

 

Então pegaram João Ferreira, amarraram os dois braços e degolaram ele. Foi então que a polícia chegou e houve um combate entre sebastianistas e os polícias, foi um massacre que durou três dias, (16, 17 e 18 de maio, de 1838) dizem que morreram cerca de 80 pessoas. E o último rei, Pedro Antônio, foi preso.

 

Alguns sebastianistas foram presos, crianças ficaram sem pais e foram para o orfanato. Esse acontecimento é falado até hoje e no local onde aconteciam esses massacres ergueram monumentos com várias representações e agora é conhecida como Pedro do Reino.

 



 

2 – Mulher com uma Tocha de Fogo 

 

“Um dia, às 6 horas da noite, meu tio estava voltando da casa da namorada com um amigo. Eles viram uma mulher abaixada com uma tocha de fogo acesa, ele olhou para trás, quando olhou de volta a mulher estava em pé, quando ele olhou para o lado a mulher vinha atrás deles. Eles desceram do cavalo e correram, e que a mulher não conseguiu pegá-los."

 

3 – Vela
 

"Minha vó foi se aposentar e mudou de casa, ela e a filha mais nova. Depois de duas semanas, um dia faltou energia. Ela foi e acendeu uma vela em cima de um pires. Com pouco tempo escutaram o pires arrastando pela casa e batendo nas paredes. Ficaram muito assustadas.”

 

 

SÃO JOSÉ DO BELMONTE – FEIRA LIVRE

 

4 - Camões - O Burro e a Burra

 

“Teve uma vez que Camões saiu num burro atrás e o rei na burra na frente.  Então, o rei fez uma presepada com Camões. Em uma parada o rei cortou os beiços do burro de Camões. Camões percebeu e cortou o cabo da burra (rabo) e ficou todo descoberto. Aí o rei disse:

 

- Eita, Camões! Seu burro está alegre… rindo direto.

 

Camões respondeu:

 

- Mas também senhor, vendo o que ele está vendo descoberto…”

 

5 - O conselho

“Um dia, meia noite, vinha meu pai em sua bicicleta. Passou em frente à uma cruz e onde  já tinha morrido uma pessoa. Foi então que ele viu um vulto e ouviu alguém dizer: 

 

- Ei, num ande de noite não!

 

E então ele falou que era obrigado, já que trabalhava na feira, foi então que a voz disse:  

 

- Mas não ande não, quem anda à noite é quem não pode andar de dia.”

 

6 – Milagre dos Olhos 

 

“No mês de novembro, quando meu neto nasceu, com sete dias os olhos dele começaram a sangrar. Até que eu decidi ir a Belmonte, procurar saber o que tinha acontecido. Quando cheguei o médico disse: 

 

- Não estou entendendo o porquê disso, use esse colírio.

 

Quando cheguei no meio da estrada de volta para casa, o olho do meu neto estava sangrando novamente, então parei e pedi a Santa Luzia: 

 

- Se nós tivermos merecimento faz esse milagre.

 

Na nossa cidade tinha a novena de Santa Luzia, então chamei a mãe dele pra ir e ela disse: 

 

- Mas vamos sem acontecer o milagre? 

 

E eu disse: 

 

- Cadê tua fé?

 

E a gente foi pra novena, quando a novena começou, fizemos o sinal da cruz que olhei para a criança os olhos dele estavam limpos, curado, bem clarinho. Foi curado! Hoje tá vivo, são e salvo!”

 

 

7 –  São José do Belmonte

 

“Surgiu uma doença, uma febre, no tempo que aqui eram fazendas. Um dos fazendeiros fez uma promessa à São José que se essa febre acabasse, fosse embora, ele construiria uma capela em honra à ele, e assim foi feito. A febre foi embora e a capela foi construída e a cidade foi construída ao redor dela, que é a nossa paróquia hoje, a Paróquia de São José do Belmonte.”

 

8 – Pedra com Som de Sino

 

“Minha irmã me falou que tem uma pedra que se você bater dela faz o barulho de sino. Teve um dia que fomos lá, nesse dia vimos um homem, com um chapéu de palha e nós saímos com muito medo. Nos arrepiamos e saímos correndo. Disse que em algum lugar, no meio da pedra, tem som de sino.”

 

9 – Sinal 

 

“Um rapaz trabalhava de segurança à noite, e as pessoas diziam que depois de meia noite não balança uma folha das árvores. Ele tinha feito um trato com um primo que quando um dos dois morresse primeiro viessem dar um sinal de como era no céu. O seu primo morreu primeiro, e um dia ele sozinho de meia noite, olhou para as folhas e pediu um sinal para seu primo. E somente uma folha balançou!